Preciosa digitalização salvou de incêndio o trabalho de José Oiticica Filho (1906/1964), pioneiro e internacionalmente premiado fotógrafo brasileiro.
Imagens recuperadas formarão apenas 8 séries, que serão comercializadas. Uma delas será exibida pelo MAM-RJ em 2014 e devem ganhar livro publicado pela Editora Barléu.
José Oiticica Filho, (1906/1964), pai dos artistas Hélio e César, foi um marco na história da fotografia no Brasil. Participou ativamente do movimento fotoclubístico brasileiro, foi membro do Foto Clube Brasileiro e da Associação Brasileira de Arte Fotográfica, no Rio de Janeiro, e do Foto Cine Clube Bandeirante, em São Paulo. Foi reconhecido internacionalmente, fazendo exposições e recebendo prêmios. Em 1956 constou como sétimo expositor mundial na lista da Féderation Internationale d"Art Photographique - FIAP , com 178 fotos em 84 salões internacionais. Foi eleito por unanimidade "Associate” da “National Photographic Society", de Washington, D.C. em 1949.
No final de 2009, a sede do Projeto Hélio Oiticica, que abrigava o material impresso do fotógrafo, no Jardim Botanico, RJ, foi destruída por um incêndio e todas as imagens foram consumidas pelo fogo. A tragédia só não se deu por um encontro que aconteceu 6 anos antes. “Após digitalizar Cosmococa, trabalho do Hélio Oiticica com Neville d’Almeida em 2003, fui chamado em 2006 para coordenar a digitalização de parte da obra de José Oiticica Filho”, conta Carlo Cirenza, fotógrafo e impressor, criador e editor da revista Paparazzi.
A familia, a princípio, queria digitalizar somente algumas imagens que integrariam um livro até hoje inédito, mas Cirenza insistiu junto ao Cesar Oiticica Filho para que todo o material fosse digitalizado. “Minha tese foi vencedora e... salvadora”, reconhece agora Carlo Cirenza, que contou com a colaboração dos fotógrafos Fábio Sampaio e Murilo Moser para este trabalho.
A coleção de José Oiticica Filho é formada por 167 imagens, todas impressas em Papel Hahnemühle 310 g/m2, na mais primorosa técnica museológica – explica Carlo Cirenza. Foram feitas oito séries da coleção, todas certificadas pelo Projeto Hélio Oiticica e que já estão sendo disputadas por museus, galerias e colecionadores particulares.
“Cada uma das fotos foi tratada e as cópias obedeceram aos mais rigorosos processos museológicos; todas as ampliações respeitam o formato das originais”, atesta Carlo Cirenza
Uma das séries já foi adquirida por uma tradicional família de banqueiros de São Paulo, por meio de sua instituição financeira outras quatro serão comercializadas. Três ficarão com a família Oiticica: duas ficarão na reserva técnica e uma será utilizada para exibição.
Exposição e livro de arte
A importância do trabalho de Oiticica Filho ganha respaldo com a realização de uma grande exposição de suas obras que acontecerá no Museu de Arte Moderna – MAM do Rio de Janeiro no segundo semestre de 2014, à época da Bienal de São Paulo.
A Barléu Edições publicará um livro de arte com o material. Fundada em 2002 por Carlos Leal, editor da tradicional Livraria Francisco Alves Editora, a Barléu nasceu como uma extensão da paixão de seu editor pelas artes plásticas e pela fotografia.
“O objetivo da editora é mapear o melhor da produção contemporânea de artes plásticas e fotografia brasileira, editando, apenas, artistas exponenciais. José Oiticica Filho é um artista exponencial. Ele é um marco na história da fotografia no Brasil”, fala Carlos Leal sobre a importância do artista para a história da fotografia brasileira.