De 12 de abril a cinco de maio, com o slogan Buteco. A verdadeira Rede social, o Comida di Buteco apresentará 400 petiscos onde a lingüiça e/ou mandioca serão os convidados especiais. Em 2013 o maior concurso de cozinha de raiz do Brasil, pela primeira vez, será realizado simultaneamente nas 16 cidades e também propõe para essa edição a unificação dos ingredientes especiais
Criado em 2000 com a missão de resgatar e valorizar a cozinha de raiz no Brasil, e estimular os pequenos estabelecimentos, botecos, à novas criações, o Concurso Comida di Buteco vem cumprindo um importante papel de fomento à cultura gastronômica, desenvolvimento do setor e principalmente demarcando circuitos urbanos de sociabilidade e lazer através da boa cozinha dos botecos. Concurso pioneiro nesse setor, é um dos maiores responsáveis por contribuir para legitimar o boteco como um importante ícone da cultura e gastronomia nacionais.
Dinâmica do Concurso
Essa é a eleição do melhor boteco da cidade. Cada participante cria um petisco para concorrer. O público e um corpo de jurados tem que visitar os botecos e votar no local. A média entre os quesitos avaliados garante o resultado da premiação. São avaliados de 0 a 10, a higiene, o atendimento, a temperatura, abebida e o petisco (que leva 70% da nota ). O voto do júri vale 50% e do público 50%. O Instituto de Pesquisas Vox Populi é o responsável pela apuração dos votos nas 16 cidades.
O perfil dos botecos escolhidos
O Comida di Buteco escolhe para participar os botecos classificados pela realização do concurso como “espontâneos":
O espontâneo é aquele boteco em que o proprietário, obrigatoriamente, administra o negócio; sua história e seu dia a dia comungam com a identidade do dono, que na maioria das vezes conta com a força de trabalho de mais pessoas da sua família.
O boteco espontâneo não faz parte de uma rede ou franquia de marca.
Vários botecos que participam são muito tradicionais, tendo de existência, grande parte da própria vida de seus donos. Alguns passaram de pai pra filho, avô para neto. E tem aqueles que são mais recentes, mas com alma de boteco tradicional e espontâneo. Já nasceram com ótima relação com sua vizinhança e seguem fazendo tradição mesmo com menos tempo de existência. São todos estabelecimentos que tem na sua espontaneidade uma marca que os torna únicos e portanto,especiais. O que vale é que tenha cozinha boa, a cara do dono e alma de boteco.
O concurso como plataforma de desenvolvimento sócio-econômico
Graças à sua dinâmica e formato, estimulando a visitação aos botecos participantes, o concurso alavanca o desenvolvimento do boteco e do próprio setor como um todo. A mensuração de resultados feita pela realização aponta, ano a ano, crescimento do impacto na cadeia produtiva relacionada. Em 2012 o Comida di Buteco superou todos os números nos seus indicadores: mídia espontânea de 34 milhões; 3.3 milhões de pessoas circularam nos botecos; 3.600 empregos diretos gerados, 37 mil turistas participaram do concurso, 374 mil tira-gostos vendidos e quase MEIO MILHÃO de votos apurados.
Ingredientes convidados – Resgate às origens e valorização de insumos da cozinha brasileira
Em algumas de suas edições o Comida di Buteco lança aos concorrentes um desafio a mais: utilizar na receita do petisco um ou mais ingredientes específicos. Assim, estimula não apenas a criatividade, pois não podem existir tira-gostos repetidos numa mesma edição, mas também propicia a pesquisa sobre esses insumos. Em Minas Gerais na edição passada o Queijo Minas foi obrigatório. Para surpresa da organização, muitas pessoas não sabiam exatamente qual era o legítimo “queijo minas” e tanto os donos de botecos, como o público, acabaram por entender melhor um dos principais ícones da cultura alimentar mineira.
Para Eduardo Maya, gastrônomo, um dos sócios do concurso, a inserção de ingredientes específicos em algumas edições tem o objetivo de chamar a atenção para elementos típicos da cozinha brasileira ou que influenciaram nossa cozinha e que representam nossa rica identidade culinária. Ele salienta que, “o mais importante é que a escolha desses ingredientes reforça a missão do concurso de valorizar e resgatar a cozinha de raiz. Nunca perdemos esse foco.”
A cozinha de raiz, matriz do Comida di Buteco
Eduardo Maya, entende a COZINHA DE RAIZ como aquela que detém os elementos que compõem a alma gastronômica e cultural de uma nação. “Tecnicamente falando, temos uma culinária voltada para as raízes, para o regional, para o típico, a gastronomia de história, a comida-da-casa-da-avó, a comida que tem uma sofisticação subliminar, que está exatamente na sua não-sofisticação, mas no uso do ingrediente regional mais comum, tirando dele o que se tem de melhor. O Comida di Buteco leva as pessoas ao lugar mais genuíno onde podemos vivenciar essa cozinha: o boteco. Nele, a cozinha de raiz encontra seu segundo habitat, depois da casa de nossas avós. Coincidentemente, há mais ou menos uns seis anos, a gastronomia ao redor do mundo vem enaltecendo a culinária de raiz, e garantindo lugar de nobreza aos ingredientes, pratos e petiscos mais típicos e que representam a identidade dos lugares.” O surgimento do Comida di Buteco, em 2000 contribuiu e vem contribuindo para que os donos de boteco entendam o valor da culinária que praticam em seus estabelecimentos simples e cheios de alma.
Sobre os ingredientes de 2013 Eduardo afirma: “para 2013 fui no óbvio, mandioca e linguiça, não menos importantes e atraentes por serem comuns. Conhecida também como macacheira ou aipim, a mandioca é um produto 100% nacional. Nas minhas andanças pelo país, de norte a sul,eu comi mandioca de alguma forma. É um produto do sudoeste da Amazônia e na era pré colombiana ele já tinha sido levado por índios para a América Central e outros lugares da América do Sul. Pós Colombo ela ganhou o mundo levada pelos espanhóis e pelos portugueses. Mas é fato que ela nasceu aqui e é consumida de diversas formas em qualquer lugar do Brasil, até mesmo na cachaça TIQUIRA, típica do Maranhão, feita de mandioca. Não se pode falar de cozinha de raiz no Brasil sem que a mandioca seja citada, a mandioca é uma unanimidade nacional! Por isso quisemos homenageá-la nessa edição.” Explica Eduardo.
Já a escolha da lingüiça se deu, por se tratar de um produto com raízes históricas muito antigas e que figura nas nossas mesas, em praticamente todas as regiões do país.” Entendo que o brasileiro tem uma paixão especial pela carne e a lingüiça seria uma boa “escolta” à mandioca como convidada dessa edição.” Reforça o gastrônomo.
A lingüiça pode ter surgido pela necessidade de preservação de alimentos, e existem diferentes versões históricas acerca de sua origem: uma delas defende que ela existe há 500 a.c. , tendo sido inventada pelos Gregos. Algumas fontes datam seu surgimento há mais de 4000 anos; mas os registros mais exatos, remontam a 2 mil anos, depois que os romanos começaram a espalhar o cardápio deles pela região onde hoje está a Europa.
A lingüiça que se come no Brasil tem uns oito séculos e foi criada em Portugal. Nessa edição os botecos poderão utilizar qualquer tipo do produto, caso optem por esse ingrediente. Vale lembrar que, para criar o petisco participante do concurso, o dono do boteco pode eleger apenas um deles ou, se preferir, pode ousar na dupla. A novidade de fazer dos ingredientes convidados um pré-requisito para todas as cidades onde é realizado o Comida di Buteco, dará o grande tom de desafio nacional, além da simultaneidade de realização que institui o período de abril/maio como a temporada oficial do Comida di Buteco.
Sobre Eduardo Maya
Um genuíno caçador de botecos, Eduardo visita mais de 1000 botecos por ano em todas as cidades participantes e várias outras. Ele é o guardião da “ genética gastronômica” do Comida di Buteco. Realiza um trabalho de viagens, nacionais e internacionais de pesquisa incessante, para que o concurso se renove ano a ano e consolide seu papel de importante plataforma de divulgação e valorização da cozinha de raiz no Brasil. Gastrônomo auto-didata, professor de culinária, Cordon Bleu em Catering, um dos representantes do Brasil e do Comida di Buteco no Madrid Fusión 2012 ( um dos mais importantes eventos de gastronomia do mundo); sócio da Free Produções – que detém a marca e realiza o Comida di Buteco; Eduardo é o responsável pela pesquisa e escolha de botecos em todas as cidades onde o concurso é realizado.