No primeiro dia da Brasil Brau, bienal das cervejas especiais que acontece até quinta-feira (27), no Transamérica Expo Center, 2.700 pessoas, 60% a mais que no 1º dia da edição de 2011, visitaram o evento, que também registra crescimento de 60% no número de expositores. Só no Degusta Beer, espaço aberto ao público para degustação, estão sendo oferecidos 400 rótulos de cerca de 50 microcervejarias.
Cervejas e Celebridades
Ontem, o músico e ator Seu Jorge foi ao evento prestigiar o estande da Karavelle, cervejaria de Indaituba, da qual é sócio. No cargo de diretor de comunicação, disse que vinha trabalhando de forma discreta ao lado dos sócios, para não atrapalhar o desenvolvimento do plano de consolidação do produto.
O Degusta Beer também ficou movimentado com a presença dos integrantes da banda ‘countrycore’ carioca Matanza, que acaba de lançar sua cerveja pela Dortmund, a Matanza India Pale Ale, intensa em amargor e aroma. O baterista da banda, Jonas Cappelli, contou que a banda buscava há dois anos quem pudesse fabricar a bebida do Matanza. “A gente faz música de cerveja e bebe. Por isso, procurávamos parceiros”, justifica.
Mauricio Nogueira Pinto, guitarrista, diz que o estilo IPA foi o escolhido porque “a cerveja do Matanza tem que ser forte e amarga, com gosto de segunda-feira”. Durante a Brasil Brau os membros da banda provaram a cerveja pela primeira vez e aprovaram o resultado.
Congresso
Ontem, no Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia Cervejeira, a sommelière de cervejas Cilene Saorin comparou o mercado de cervejas especiais nacional a um adolescente: “Pensa que já sabe tudo e esquece que ainda tem muito a aprender e tem uma vida inteira pela frente”. Cilene comentou sobre a Cobracem (Associação Brasileira dos Profissionais em Cerveja e Malte) é subutilizada pelo setor, e destacou que a Brasil Brau, em sua 12ª edição, tem demonstrado o quanto o segmento cervejeiro tem evoluído no país e o quanto ainda tem a crescer.
Cerveja sem glúten
A engenheira bioquímica e gerente de serviços técnicos da DSM Food Specialties, dos EUA, Sylvie Van Zandyck, que destacou como usar o estabilizante Clarex™ para remover a toxidade do glúten nas cervejas sem alterar seu aspecto ou sabor e tornar a bebida segura aos portadores de doença celíaca. A preocupação se dá porque 1% da população mundial sofre com a doença (estima-se que, no Brasil, os celíacos sejam 2 milhões de pessoas) e 10% tem sensibilidade ao glúten. “Durante o processo cervejeiro, a porcentagem de glúten no malte de cevada cai de 100 para 1,9%, mas ainda é perigoso para quem tem a doença celíaca. Essa quantidade de glúten é influenciada pela quantidade e tipo de malte utilizado, pelo uso de estabilizadores, a gravidade original e o uso ou não de equipamentos para remover as proteínas da bebida”, destacou.
Após um beer break, os cervejeiros norte-americanos Steve Grossman, da Sierra Nevada; Dick Cantwell, da Elysian Brewery; e Phin DeMink, da Southern Tier, encerraram as palestras técnicas da parte da manhã com uma explicação sobre as principais características dos lúpulos de seu país e deram dicas de como usá-los na cervejaria, em especial no processo de dry hopping, que consiste na adição de lúpulo no fim do processo de fermentação para deixar a cerveja mais perfumada.
Cantwell também iniciou as palestras da tarde abordando o programa de exportações da Brewer’s Association (a Associação Norte-Americana de Cervejeiros Artesanais) e como os cervejeiros de seu país recebem incentivo para ampliar a cultura cervejeira. “Uma cervejaria abre nos Estados Unidos todos os dias. Às vezes é mais de uma e isso é assustador. 99% delas são artesanais”, conta sobre a expansão cervejeira na terra de Obama.
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