Em sua terceira edição, o Beer Experience foi realizado entre os dias 27 e 29 de setembro no prédio da Bienal. A escolha facilitou a vida dos cervejeiros, já que a localização e o acesso ao Parque do Ibirapuera são muito bons. Vamos a alguns dos destaques do evento.
Podemos dizer que os cervejeiros locais estão cada vez mais criativos, elaborando rótulos com nomes divertidos. Entre erros e acertos, é um caminho interessante, que não fica na mesmice de ter o mesmo rótulo para toda a linha e mudar apenas a denominação de estilo, como X Pilsen, X Weiss, X Stout, etc. Afinal, como disse um velho amigo, bons líquidos já temos, agora precisamos de bons produtos.
Começando pela cervejaria Dresden e sua Tereza Pilsen Extra Hop. “Hop” é lúpulo em inglês, e esta pilsener não foge à luta, entrega boas doses de lúpulo no aroma e no sabor, sem, contudo, passar do ponto, como tem acontecido muito hoje em dia. Refrescante e equilibrada, boa pedida!
Para quem gosta de emoções mais intensas, as cervejas norte-americanas são as mais indicadas. A Epic produz cervejas de muita personalidade, de aroma e sabor marcantes e começaram a ser importadas somente neste ano. A Belgian Blonde Brainless é uma das melhores.
A cervejaria Insana, do Paraná, trouxe sua Insana Gold, uma premium lager agradável, fácil de beber, mas com corpo e lupulagem adequadas ao estilo. Já a cervejaria Urbana, da capital paulista, trouxe uma boa Strong Golden Ale, a Gordelícia, devidamente incorporada pela modelo da foto. Afinal, com esse nome, não daria para fazer uma lager suave... A outra cerveja da casa, a Sporro, uma ESB (Extra Special Bitter), exagera na dose e foge das características do estilo, além de um nome que beira a escatologia.
A Cervejaria Júpiter mostrou uma American Pale Ale do mesmo nome, que já havia agradado no Brasil Brau. Intensa, lupulada, mas bem interessante e inserida corretamente no estilo. A escocesa Harviestoun, famosa pela Old Engine Oil, produz rótulos caprichados e bebidas idem, como a lager Schiehallion, de final seco, surpreendente e refrescante.
Para os apreciadores das fruit beers belgas, dois bons exemplos. O melhor deles é a Duchesse de Bourgogne, uma Flandres Red Ale rica em aromas e sabores, como frutas vermelhas e vinho do Porto, ácida, que parece doce, mas tem final seco e balanceado. Já a Fruitesse, da Liefmans, também é muito boa, mas sem a complexidade alcançada pela Duchesse.
A cervejaria Karavelle fechou o mezanino da Bienal para convidados. Seus rótulos são uma boa porta de entrada às cervejas especiais, um papel que antes foi da cervejaria Bohemia. Embora agradáveis, carecem de personalidade, falta uma pitada extra de ousadia. A que mais agradou foi a Keller, uma Pilsen não filtrada bem fácil de beber.
O evento trouxe muitas outras novidades e clássicos cervejeiros e se posiciona como o principal evento dedicado ao público apreciador da bebida, já que a Brasil Brau, realizada a cada dois anos, é voltada para o mercado e especialistas.
*Alessandro Pinesso é sommelier de cervejas formado pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) e Association de la Sommellerie Internationale e Mestre em Estilos Cervejeiros pelo Instituto da Cerveja Brasil, associado ao Brewers Association dos EUA.